Uma borboleta que nunca soube voar...
Sou um grão de areia
Perdido
Em meio ao mar
A gota de chuva
Que banha
Seu corpo sem você notar
Sou o suspiro calado
Por medo de falar
A brisa fresca que bate a janela
E nunca
A encontra aberta para entrar
Sou a noite escura cheia de estrelas
Que longínquas
Estão sempre a brilhar
Tão longínquas
Que são invisíveis ao olhar
Sou a tinta esquecida
De uma caneta
Que não sabe mais poetar
Mais uma flor
Que murchou
Sem seu perfume exalar
Sou o espinho que jamais teve coragem
De uma pele sequer furar
A amante que de tanto amor
Esqueceu-se
De se amar
Eu, sou aquela borboleta
Que tanto sonhou...
E nunca soube voar