Breu da Manhã
No escuro do meu quarto, ouço de longe o barulho da televisão na sala.
O ventilador gira continuamente...
- Não, não, sim, sim! - Gritam em um programa de auditório.
Fico a pensar: Nossa vida funciona assim, de forma mecânica?
Rotina... Rotina... Rotina? Tédio que nos tormenta, falta de novidade,
Falta de emoção, de conhecimento. Aliena...
Nado contra a maré, ás vezes deixo a onda me levar...
Para onde? Não sei, apenas sigo o fluxo.
Subo com dificuldade o morro, para descer, tenho a sensação de que irei escorregar,
Ao fim, cercas de arame farpado e um grande lago pesqueiro.
Rumo à base do monte sem fim, a lama em meus pés segue o mesmo caminho,
Encontra o ritmo a alcançar!
Nessa vida! Nessa certeza, morte... Respiro o ar poluído da cidade.
Noite nublada, estou em minha companhia...
Talvez este cinza me agrade.
No cemitério, faço uma visita ao túmulo querido,
Compro uma rosa no caminho, vermelha de sangue, enfeita o metal e o mármore.
No sol quente do meio dia, caminho para casa, sem a certeza de que irei chegar, a algum lugar...