VIDA CABOCLA
É difícil sair da armadilha
Das intrigas dessa trilha
Que a gente teima em fazer.
Teia do chão ao teto
Que o melhor arquiteto
Não consegue compreender.
Construída ao longo da vida
Uma linha tão comprida
Enrolada em carretel.
Vamos tecendo todo dia
E toda noite se afia
Na “roca” torna a “fiar”.
Enquanto de forma, o destino
Desde que sou menino
Ele está a me falar:
_É por aqui que se vai...
Desse caminho não sai,
Se sair não volta garoto.
E fui tomando meu rumo
Muito fora do prumo
Até que cheguei aqui.
Agora olhando pra trás
Vejo, não rapaz
Menino não vou mais ser.
O que faço nesta empreita
Que a hora é chegada?
Faço que torno a fazer
A lembrança já doída
Eta! Braba ferida
Que o tempo me calejou.