SOL CÁLIDO

 

Nem havia sol ainda

Apenas a madrugada adormecida

E o ferro de engomar

Já ia de um lado para o outro

Engomando o clima prisional

Sentimento temporal

 

Gotas de sal

Que caíam das cores turvas

Do armário

Salgando a neve

Que escurecia o refratário

 

Olhar cálido

Pousado nas linhas do vestido

Sol por nascer

Mais um dia na volta ao mundo

A escurecer

 

Liberdade que não se vê

Um relevo a esconder

Tudo que ainda está por nascer

Quando o dilúvio na tempestade de areia

Sobreviver

 

E deixar-se conhecer

Como apenas mais uma ilusão

Que impede o verdadeiro viver

Que também fará em vida

Simplesmente desaparecer