Poema da solidão

Busquei palavras alegres e elas, sumiram

Sumiram, cansadas do tempo e da espera

Nos rostos cansados, envelhecidos, tristes

Alguns queimados pelo sol quente e agreste

Nos campos, onde ali, nada se passa, somente...

Rasgam nos céus, os abrutem negros, esperando

A hora certa, a hora da morte que espreita, atrevida

Em cada momento, num gesto impensado, espera

No passo mal dado, no gesto desesperado, aflito...

As horas cravam no peito da minha insanidade

A dor de se sentir sozinho, ali no meio do nada

No meio de tudo, no centro da terra, ninguém...

Continuando aprender a solidão da vida, velozmente

Que na espera, sem a grande vaidade e ela é sagaz

No corpo morto, ali, abandonado na mata, sozinho

Outrora, ela fora uma jovem bela e bonita, tão alegre

E foi a cobiça do homem da solidão agressiva, doente

Que jamais deixou entrar amor sadio, puro e inocente

E o seu coração, fechado maltratado e aberto a solidão

Um dia também foi deveras mal tratado por atos de desamor

Mas a solidão não perdoa e cobra sem medo de errar

Vestindo as vestes negras, vestes da noite fria e mal cheirosa

Deixando fluir os fantasmas do passado sombrio! Quantos...

Onde esperam pacientemente o passo prometido, mal dado

Para a tua alma envenenar, povoar tua mente de pensamentos ruins

Esta é a solidão de quem nunca está sozinho, de quem está revoltado...

Quis escrever um poema à solidão e revoltei-me, chorei até

Pelas palavras que escrevi sem querer, algumas bem desagradáveis

Algumas duras e sinceras, mas que dilacera corações, tristes...

Corações que choram sozinhos, choros de desamor

Choros aflitos e sombrios, na agonia de estar sozinho

Na solidão de cada um que caminha por ai... Sozinho...

Betimartins

Betimartins
Enviado por Betimartins em 25/01/2011
Código do texto: T2750672
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