A minha solidão não é condição
Nem é consequência de um fato
Um equívoco, uma falha, uma falta
É apenas uma consciente opção
E a tristeza é o seu mais fiel retrato
Na multidão não está o meu rosto
Não faço coro com a alheia lamúria
Minhas palavras não são da boca pra fora
E toda dor vem bem daqui de dentro
E se dói, se tem de doer, é só no agora
E tudo o mais é só morte e vida
E vida e sonho, qualquer realidade
Alguma verdade e muitas incertezas
Tudo o mais é perder a essência
No jogo fútil das aparências
Não há religião ou ciência
Que nos guie ou nos conforte
Tudo o mais é só carência
E não há medo em meu olhar
E meu olhar nunca disfarça o medo
Não há segredo, mistério, revelação
Há da existência só a tola impressão
Nenhuma providência me guarda
Nada nem ninguém me vela o sono
Ou cuida de meus passos e tropeços
De meus caminhos, de meu destino
Minha solidão é eu ser eu mesmo
De chegada ou de partida
E sempre assim de saída
Escondido, distante ou perdido
Indisfarçadamente indiferente
Pairando entre a eternidade e o instante
Inexoravelmente devorado pelo tempo
Marcos Lizardo
Enviado por Marcos Lizardo em 14/01/2011
Reeditado em 29/07/2021
Código do texto: T2728069
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