Estradas

Eu gosto das estradas

Entroncamentos, escolhas erradas

Bifurcações fabricam ilusões

Eu gosto das partidas

Quem fica, questiona que vida?

Seguir o vento, segue, vai atento

Eu gosto das malas

triagem daquilo que se quer levar

deixando sobras, desculpas para voltar

Eu gosto das cercas

Define o leito a correr o andante

Moldura a vaca, de mudo semblante

Eu gostos dos postes

Que não se podem contar

rotina, contagem que nunca termina

eu gosto de contar

dos desvios que vivemos a dar

quebrando o lugar comum dos postes

eu gosto dos fins das estradas

ali vivem aquelas, na espera encarceradas

cheias de calos, repetições de tantas esperas

eu gosto de não saber aonde ir

pergunto-me: será que eu gosto só de partir?

Talvez me iluda, querendo alguém a me esperar

Roberto Chaim
Enviado por Roberto Chaim em 18/12/2010
Reeditado em 18/12/2010
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