Estradas
Eu gosto das estradas
Entroncamentos, escolhas erradas
Bifurcações fabricam ilusões
Eu gosto das partidas
Quem fica, questiona que vida?
Seguir o vento, segue, vai atento
Eu gosto das malas
triagem daquilo que se quer levar
deixando sobras, desculpas para voltar
Eu gosto das cercas
Define o leito a correr o andante
Moldura a vaca, de mudo semblante
Eu gostos dos postes
Que não se podem contar
rotina, contagem que nunca termina
eu gosto de contar
dos desvios que vivemos a dar
quebrando o lugar comum dos postes
eu gosto dos fins das estradas
ali vivem aquelas, na espera encarceradas
cheias de calos, repetições de tantas esperas
eu gosto de não saber aonde ir
pergunto-me: será que eu gosto só de partir?
Talvez me iluda, querendo alguém a me esperar