Perquirir
.:.
Pareço pálido, pele polvorosa.
Por professar palavras profanas.
Profano, profícuo professar...
Peregrino procrastinado, prazer!
Por perecer presunçosamente,
Pairando, palavras pentagonais,
Proclamo, princesa, piamente:
Porcelana permanente, pertinaz.
Porcaria! Percebo... percebes?
Prismas polivalentes, penteados...
Pedaços perfidiosos, perdão!
Pouco provei, pequenas partes.
Permissionário persistente...
Provoquei previamente, porém,
Porventura, por perversão,
Palavras, podres, porra: em vão!
Juazeiro do Norte-CE, 15 de novembro de 2006.
04h00min
...
Minha interpretação da poesia...
Pareço pálido, pele polvorosa.
Escrevi na ‘clareza’ da folha de papel, mas estava carente quando da concepção da poesia; meu corpo ardia.
Por professar palavras profanas.
Por que profanas? Porque são mentirosas. Não estou pálido, mas quente!
Profano, profícuo professar...
As inverdades eram úteis naquele momento porque me aliviavam o tesão que sentia.
Peregrino procrastinado, prazer!
Sentia-me um viajante, sem rumo, sem o tangível referencial da mulher; adiava o prazer, pois o queria a dois, não sozinho.
Por perecer presunçosamente,
Queria morrer, mas orgulhosamente, sem me sentir tão humilhado pela incapacidade de ter, naquele momento, a mulher amada para um amor insano, dentro da dimensão pura dos meus desejos... possível?
Pairando, palavras pentagonais,
No sentido de estar feliz, relaxado. E por que pentagonais? Porque o pentágono é o símbolo da perfeição e o ato de amar é perfeito!
Proclamo, princesa, piamente:
Esse proclamar é mais um recurso do devaneio poético. Que princesa coisa nenhuma! Estou mesmo é sozinho e sofrendo – sou um solitário e carente poeta.
Porcelana permanente, pertinaz.
Jóia rara, de valor imponderável... Essa é minha busca, busca teimosa. Busco a mulher que me relaxaria o corpo, pois a alma está entregue ao sabor da desventura.
Porcaria! Percebo... percebes?
Refiro-me ao gozo! O prazer solitário se finda assim. Senti o êxtase, por isso a pergunta: percebes?
Prismas polivalentes, penteados...
A visão prismática nos dá várias interpretações; há pessoas que se chocam com o ato do prazer solitário (mas elas fingem – penteiam a verdade)
Pedaços perfidiosos, perdão!
E, para essas pessoas, eu cedo meus pedaços (em forma de gozo) e, perfidiosamente, peço perdão!
Pouco provei, pequenas partes.
Se tudo foi mera fantasia, não tive a honra de provar nada. O eufemismo de pequenas partes é a tentativa de um brinde de mim para mim mesmo.
Permissionário persistente...
Sou ‘dono’ do meu corpo e não desisto. Se ela não aparecer, outra incursão será feita... Novo gozo... Um dia ela vem.
Provoquei previamente, porém,
Esse provocar é o próprio gozo. Ele foi precoce em função da solidão: é angustiante o prazer sem cumplicidade.
Porventura, por perversão,
Não foi um acaso, mas é torturante o ato em si quando sabemos existirem tantas ‘flores’ expostas na floresta da humanidade. Perdido na imensidão da mata eu apenas me usei.
Palavras, poderes, porra: em vão!
Este poema se fez com palavras, com a força do verbete, o meu poder e, claro, com meus desabafos: o do corpo (a porra) e o da minha situação de solidão (porra!). Tudo em vão? O gozo talvez sim; a poesia não.
Agora espero a sua interpretação.
Abraço!
Nijair Araújo Pinto
.:.