DESCENTENTE DO DIA
DESCENTENTE DO DIA
Corroendo os pedestais montados em torno de mim,
Por mim mesmo,
A vertente ascendente da hipocrisia,
Da vaidade,
Do orgulho,
Que é cego e também é faminto,
Furto teus pesadelos,
E me aposso do que não é meu,
E passeio passageiro por tua vida,
Sem bilhete de entrada,
E sem hora de saída,
Retardo-me em instantes de demência,
De loucura pressentida,
E consentida,
Pois antes de morrer em dor,
Amamentei a teus filhos,
E teus filhos sou eu...
Filho da dor,
Do século,
Da maldade,
E da desproporção que insistem em chamar de vida,
Uma taça vazia,
Que se esteve cheia um dia,
Fora de sangue...
O mesmo que se derrama na calçada,
Que é fria...
E morta...
Como eu.
Sérgio Ildefonso 27.09.2007