DESAPAIXONANDO, QUE NADA!

 
Fui somando suas falhas, defeitos, aqueles
horários não cumpridos, emails não enviados,
telefonemas não dados, desencontros amargos,
apenas sorrisos forçados por acaso mandados.
Eram enviados como consolo, como promessas
que jamais seriam cumpridas, iguais as que faço
para outros que me amam e que são deletados.
Fui ficando indiferente, com vergonha de mim...
Por forçar a situação que só eu ensandecida vivi.
Fui somando mais os "nãos" do que "sins".
Fui fazendo marcas na parede, dos dias que virias
e não veio, fui encarcerando meus olhos para não ver
os teus, que agora orgulhosos vivem felizes.
Fechei dia a dia meus olhos mais cedo, vivendo
em sonhos o que a vida não prometia, dormindo assim
muito mais do que oito horas por dia... Hibernava.
Amordacei as palavras no mesmo calabouço do peito
rezei todos os dias pedindo para afastar o Cálice e
comprimi os lábios sedentos numa greve que consumia.
Segurei meus sonhos esmagando-os com minhas mãos.
Encenei apenas um meneio com a cabeça para expressar
que estava tudo bem, mesmo tudo ter sido inutilizado.
Guardarei o amor somente para alimentar poesias frias.
Desapaixonando um pouquinho mais a cada dia.
 
 

 

Railda
Enviado por Railda em 06/12/2010
Reeditado em 13/11/2013
Código do texto: T2656033
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