...UMA CENA...
Repousei meu corpo na pedra a beira daquele riachinho
Seria ali o fim da minha vida?
Por que motivo eu me sentia absurdamente sozinha?
Por que meu coração me avisava a cada segundo que não suportava mais bater?
Por que cada batida era tão dolorosa assim?
Meu corpo já cansado me dizia que não agüentava mais prosseguir
Prosseguir inutilmente por caminhos sem fim
Por causas perdidas...
Eu não estava apenas cansada fisicamente
Não era este o aparente motivo de minha desistência
Recostada naquela pedra eu me sentia vazia.
Inclinei-me para a beira da água e pude ver meu rosto
Tão vazio quanto eu me sentia... Sem cores e sem expressão
Aquele rosto não era meu
Aquele corpo não era eu
Minha essência não estava comigo
Pois há muito já tinha partido
Levando consigo a minha vida.
Partiu...
Deixando esta casca vazia,exausta e dolorida
Olhando nos próprios olhos sem vida
Refletidos nas águas tranqüilas daquele lugar
Ali mesmo, deitei-me sobre o mato úmido e rasteiro
e larguei um braço na água do riacho
Fechei meus olhos sentindo a água acolhedora me tocar.
Respirei fundo sentindo o cheiro da terra.
Tudo ficou tão calmo.
Meu desespero diminuía
Minha dor não mais me incomodava.
Não sentia mais meu coração.
E chorei...