"NOITES DE TEMPESTADES"
O MEU DIA VEM, COMEÇA
ME CHAMA DE NOVO
ME DEIXA DE GRAÇA,
ME FAZ LUMINOSO.
VEJO O SOL COMO BRILHA,
NESSAS RUAS VAZIAS,
PREENCHENDO DE NOVO,
TRAZ UM VENTO GOSTOSO SOBRE MEU ROSTO.
E A LUZ DA LUA,
DE QUE NOITE TÃO ESCURA,
SÃO AS LAVAS, SÃO AS DUNAS,
UM GRANDE MAR ENCOBERTA.
SINTO QUE NÃO TENHO MEDO,
O QUE ME RODA O DESESPERO,
FUI A FESTA DE RODEIO,
PRA VER SE ESTAVA LÁ.
PRESENTE NÃO ESTAVA
SENTEI NOS CANTOS DE UMA CALÇADA
E PASSEI A LAMENTAR.
LAMENTEI DE SAUDADE,
CORAGEM BANIDA,
O QUE ME FAZ FALTA AINDA,
SÓ NÃO POSSO LEMBRAR.
MINHAS NOITES OUTRORA,
JÁ PASSOU NOVE HORAS,
POIS QUEM SABE AGORA,
JÁ NÃO QUERO TE AMAR.
O MEU CÉU TÁ ESCURO,
ATÉ PARECE NETURNO,
UM PLANETA DISTANTE,
QUE NINGUÉM VIVE LÁ.
O SOL AS NOVE E TRINTA,
NÃO DÁ TEMPO AINDA,
DE MUDAR A ESTAÇÃO.
TO PORTA AFORA,
JÁ NÃO SÃO NOVE HORAS,
SÓ CHOVE LÁ FORA,
MESMO SEM CHOVER AQUI.
ESCUTEI MUITOS RAIOS,
TEMPESTADES E TROVEJOS,
JÁ PERDI O MEU MEDO,
POR SE ACOSTUMAR.
O MEU VAZIO SE ENTREGA,
POR PENSAR TANTO NELA,
EM QUEM NÃO SEI PENSAR.
MINHA NOITE SÓ CHOVE,
SÓ CHOVE SEM MINHA ORDEM,
E FAZ EU LOGO ME DEITAR.
O AMOR QUE ALMEJO,
NUNCA TEVE ENDEREÇO,
SETE DIAS, SETE BEIJOS,
E EU NÃO SEI NO QUE DÁ.
ME PROCURO AGORA,
SOOU ONZE HORAS,
É HORA DE DEITAR.
VOU LEVANTAR MAIS CEDO,
VOU CONTAR MEUS SEGREDOS,
DIANTE DE MIM, DIANTE DO ESPELHO,
SEM MINHA VIDA CONTAR.
VAI PASSAR LONGAS HORAS,
ATÉ CHEGAR NOVE HORAS,
E SENTO LÁ FORA,
ESPERANDO A CHUVA CHEGAR.