POR OLHOS MAIS NEGROS QUE OS MEUS

Foram por olhos que eram mais negros, que os meus.
Tão negros como a escuridão que abraça a tarde,
toda a noite. Como um açoite,
a gritar na senzala, no silencio da noite.
Os olhos negros chegaram e te arrancaram,
de mim, era nocivo, aquele olhar,
tinha lascívia em seu pensar.
Era fervente como a lixivia,
ardia em seu peito e fazia você, me esquecer.
Trazia em seu olhar a dor da escuridão.
Olhos negros, que me trouxeram a noite,
como um trovão a roncar,
por traz dos montes secos.
olhos enfeitiçados,
lançados sobre os olhos seus. Assim,
como a tempestade que vem
perturbar o silencio da madrugada
os olhos negros chegaram e
lançaram raios e me apartaram de te.
Sonambulo seguia os olhos negros.
Sem olhar pra trás,
os olhos negros te cegaram
e te roubaram de mim.
Esses olhos vieram me furtar os olhos seus,
me trouxeram raios que transpassaram a alma,
como espada, a sofrer por ti, fiquei,
lamentei, chorei, mas logo notei que de ti,
brotou semente, que logo incomodou os olhos negros
que a mim torturaram, me obrigaram a fechar os olhos
sem cor da semente, sem mente, que brotou de ti.
malvados olhos, você foi com eles,
assim como a noite troca o vazio,
pelo falso frescor da madrugada.
Assim como o carrasco a bater no escravo fujão,
os olhos negros te levaram de mim.
foi encantado, pelo deslumbre da lua,
que bailava faceira diante dele.
Os olhos negros foram embora e com eles
foi o meu olhar, com você foi a minha visão,
o meu coração, comigo ficou a solidão.
Contigo os olhos negros para sempre ficou.


Escrita em: 16/09/1977
Nanda Gois
Enviado por Nanda Gois em 07/11/2010
Reeditado em 03/06/2011
Código do texto: T2602781
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