Vazio

Ah, o grito da criança não sentida:

Perseguida pelo silêncio da noite vestida

De anjo azul, perfeita e cheia de dor

Como que de espinhos nus de uma flor

Que sem beleza, nem perfume, nem cor

É a predileta do jardim dos poetas

Que as exume das perturbações inquietas

De terem nascido assim, já mortos,

Em meados vazios que nascem dos outonos

E os esvazia,

Pois em seu pecado, Deus não os responderia;

E no vazio, ele nos reflete e silencia

Em nossa perfeita, eterna e doce agonia.

*Dedicado à Lucia Polonio.

Luan Santana
Enviado por Luan Santana em 06/11/2010
Reeditado em 06/11/2010
Código do texto: T2600120
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