Vazio
Ah, o grito da criança não sentida:
Perseguida pelo silêncio da noite vestida
De anjo azul, perfeita e cheia de dor
Como que de espinhos nus de uma flor
Que sem beleza, nem perfume, nem cor
É a predileta do jardim dos poetas
Que as exume das perturbações inquietas
De terem nascido assim, já mortos,
Em meados vazios que nascem dos outonos
E os esvazia,
Pois em seu pecado, Deus não os responderia;
E no vazio, ele nos reflete e silencia
Em nossa perfeita, eterna e doce agonia.
*Dedicado à Lucia Polonio.