Contos da Solidão: Conto II – Medo

Tenho medo de partir na hora!

Medo de não resistir, lá e agora.

Tenho medo de perecer,

Medo de frustrar e não comparecer!

Tenho medo de deitar e, não se levantar.

Medo de dormir e, não sonhar.

Tenho medo chorar e, não te ver sorrir!

Medo de não voltar e, só partir;

“Tenho medo, do medo que dá”

Medo de não agüentar na hora H!

Tenho medo de ler e, não escrever.

Medo de a memória envaidecer;

Tenho medo de falar e, não lembrar.

Medo de esquecer e, não perdoar,

Tenho medo de não ouvir o Lenine cantar.

Medo de sua voz, não escutar.

Tenho medo de caminhar no buraco negro.

Medo de sentir o som do prego.

“Tenho medo, do medo que dá”

Medo de não agüentar na hora H!

Tenho medo de ser lido e interpretado...

Medo de ser deturpado.

Tenho medo de escrever uma obra-prima;

Medo de perder o jeito da rima!

Tenho medo de ficares triste comigo.

Medo de perder você e, os amigos.

Tenho medo na hora que toca o sino,

Medo do toque do destino!

“Tenho medo, do medo que dá”

Medo de não agüentar na hora H!

Tenho medo de ver os anjos do céu.

Medo de deixar os anjos do papel.

Tenho medo da ciranda da vida.

Medo do bilhete, só de ida.

Tenho medo do ciclo infinito,

Medo do arrepio e, do fino atrito!

Tenho medo da “maior aventura”.

Medo de deixar a sua ternura!

Derlei Alberto

01 de Novembro de 2010