Ressentidos

Olhares de ódio

repetem o conhecido episódio

de cobrar de outrem

a felicidade que não se tem.

Restou-lhe insonssa ceia

e a vontade de carne alheia.

O que lhe foi dourado

virou segredo bem guardado.

Por onde andarão as Musas,

as flores,

os licores,

as uvas

e certas caricias além das luvas.

Que outro banquete é este,

em que cada conviva é mero enfeite

de noites sem deleite.

Que tempo é este

em que ameaças

são meras trapaças

e se sente a juventude partir,

a beleza decair

e a cada instante

o amor mais distante?

É o tempo do ódio,

do aperto do nó górdio

e do trágico drama

de faltar alguém na cama.