ENTREGO-ME

Como lâmina afiada
Sinto a melancolia dilacerar
Minhas entranhas...
Cansada, entrego-me
Ao tempo passado,
Sem presente, sem futuro;
Entrego-me totalmente
Ao suplício necessário
Para o burilamento de minh’alma.
Sem olhos, sem voz, sem sorrisos...
Como uma triste sombra a vagar
No abandono das horas
Que já não passam
E nem se afastam de mim.
Não vou resistir, já não quero
Olhar o horizonte e criar novas ilusões.
Entrego-me enfim, as sensações
Pueris de um desejo reprimido
E um coração espezinhado pela indiferença,
Que ora adormece nos braços da eternidade.





Cellyme
Enviado por Cellyme em 23/10/2010
Reeditado em 18/07/2011
Código do texto: T2573026
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