Saudade, minha solidão
Debaixo deste chão que chamam de céu, ela pisa sobre as nuvens flutuando como um anjo.
Sinto todo o inverno em meu coração ferido.
Olho no espelho do lago e vejo uma face cansada, cansada de perder.
Uma cachoeira brota em meus olhos e percorre o extremo de minha face, indo em queda livre direto para o chão.
Um pedaço de terra distante,
Onde o que ela era se tornou nada mais do que cinzas.
E eu cinza me tornei.
Ainda que eu vague muito tempo por aqui.
Alimentado somente por lembranças de beijos que jamais terei,
E de abraços que até hoje posso sentir.
Não a esquecerei.
Nem dos seus cabelos longos e sedosos escondendo parte de seu rosto,
Tampouco de seus lábios que de beijos me deixavam zonzo.
Mas se ao menos quando dormisse ela me visitasse vez em quando,
Teria minha vida sentido mesmo que sustentada por um sonho.
Ah, vontade louca,
De sentir seu perfume suave de rosas,
De ouvi – la batendo a porta,
Molhada de chuva,
Chuva,
Tempestade tola,
Que um dia a levou embora,
Pista escorregadia e um carro desgovernado,
Um amor que me governa,
As quatro estações eram todas primaveras,
Mas uma fera rugiu mais alto,
Com o som de um motor.
E o tal desgovernado,
Me tomou o meu amor.
E assim vivo então,
Só saudade, minha solidão.