Abstinência

Chuva que cai como uma luva

Sobre minha angústia

Casais que passam na rua

Rumo à suas histórias de amor

Enquanto a minha se perde em meio a desilusões

Sinto apenas o perfume da solidão

É esse cheiro de terra molhada

Misturado à maresia do mar revolto

Penso na falta de elegância

Na deselegância de quem sumiu

Quem se esvaiu sei lá por onde

Mas esqueceu sorrisos e olhares

Esqueceu o próprio cheiro

Que não me deixa dormir.

Porque fui me envolver?

Porque me dediquei?

A quem nunca ofereceu nada

A não ser uma realidade amarga

Mas eu não quero mais sofrimento

Mas esse vício de querer saber

Por onde você anda

Me prejudica

É uma compulsão

De roer as unhas

Mas por puro capricho

Por pura pirraça

Me abandona em desespero

Em desprezo

Virou droga, doença

Sonhar com você é recaída

Admitir é abstinência

Washington Batista
Enviado por Washington Batista em 07/10/2010
Código do texto: T2542968
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