Abstinência
Chuva que cai como uma luva
Sobre minha angústia
Casais que passam na rua
Rumo à suas histórias de amor
Enquanto a minha se perde em meio a desilusões
Sinto apenas o perfume da solidão
É esse cheiro de terra molhada
Misturado à maresia do mar revolto
Penso na falta de elegância
Na deselegância de quem sumiu
Quem se esvaiu sei lá por onde
Mas esqueceu sorrisos e olhares
Esqueceu o próprio cheiro
Que não me deixa dormir.
Porque fui me envolver?
Porque me dediquei?
A quem nunca ofereceu nada
A não ser uma realidade amarga
Mas eu não quero mais sofrimento
Mas esse vício de querer saber
Por onde você anda
Me prejudica
É uma compulsão
De roer as unhas
Mas por puro capricho
Por pura pirraça
Me abandona em desespero
Em desprezo
Virou droga, doença
Sonhar com você é recaída
Admitir é abstinência