Silêncio, vazio - Poesia
O que há no silêncio
da minha solidão
são meus versos de melancolia,
derramados (naturalmente)
do recesso tenebroso
que é meu coração.
O que há (em mim) tão somente
é o tempo que voa
– indiferentemente –
com desdém, e passa
sem, sequer, perceber a mínima
(sombra
desta pouca pessoa.
O que habita no vazio
da minha alma é tudo.
(Pela simples razão
de nada haver dentro dela
que não seja um clarão.)
O que se desprende de mim
e se espalha como um vírus
(contagioso
pelo vento que sopra agora,
é a tristeza mórbida e fria
que como todas as noites
(e todos os dias
no leito sombrio,
na casa vazia,
no escuro secreto que é minha
(solidão
e minha poesia.