Pertencimento

Não sou sua

Sou do meu tempo,

Sou dos meus pensamentos

fluídos e contraditórios

Sou da minha genética a tramar estórias

escabrosas sobre minha existência

E, a demonstrar que a resistência é inútil...

Não sou sua.

Não sou adjeta e nem objeto.

Sou sujeito das ações, das omissões

dos crimes, pecados e paixões ...

Mas sou sujeito

da alma de corpo solene

E do corpo de alma solerte

Não há congruência possível em ser e estar

Por vezes sou e, não estou

E, tantas outras vezes, estou e nem sou

Há num mar infindo de reticências

Expressões, sentidos e saudades

Inconfessáveis...

Como da varanda da casa de minha avó,

Das árvores frutíferas do quintal,

Do doce no final da tarde

E, das noites estreladas

Bordando o azul escuro

de brilho e imaginação

Regado de mistério e silêncio.

Há, ainda, lá fora ...

confidências discretas feitas pelas folhas ao

passar do vento

O farfalhar as folhas ainda vivas dependuradas

ao vento.

Há o confessar o alpendre

Ajoelhado discretamente diante da estrada

Suspenso e submerso

no inconsciente

A resgatar resquícios de humanidade

Liberto dos feudos e da posse.

Não sou sua

O pertencimento está perdido

na trama da história, na arquitetura da genética

E no lirismo do acaso...

Justificado mil vezes pelas razões religiosas que aprendi.

GiseleLeite
Enviado por GiseleLeite em 26/09/2010
Código do texto: T2520978
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2010. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.