Traços no silêncio

Traços no silêncio sussurram seu nome

São loucuras de minha imaginação que o desenham no escuro

Mas vem a brisa numa inveja e desmorona

Meu castelo das cartas que esboçam meu futuro.

Eu pinto das árvores as folhas que caem ao chão

E as colo outra vez para não ver passar o tempo;

Abro as portas para escapar a solidão

Disfarço um sol lá fora no dia do tormento.

Chamo o seu nome no barulho, não há resposta

Só o vento desafina um verso triste

Numa canção de uma só linha

Dizendo que para mim você não mais existe.

Eu pinto, eu canto, componho,

Escrevo cartas que nunca serão lidas.

Eu conto quantas letras há no livro

Para não ver passar a vida.

Ele bate em minha porta, eu não abro

- O tempo -

Há meses que no espelho não me vejo.

Ele me provoca, eu desisto

O tempo manda flores que eu não beijo.

Todo dia faço o mesmo ritual

Chego e parto na hora, ele persiste,

Procuro sua carta, seu aviso, seu manual

Encontro o nada que existe.

Como pude dormir nessa noite de insônia?

Eu costurei na madrugada as cicatrizes

De todas as folhas que despencaram nesse outono.

Pintei no escuro sua imagem, na noite que caia...

E se o tempo for um inimigo?

A saudade apagou meu sono.

DENIS RAFAEL ALBACH
Enviado por DENIS RAFAEL ALBACH em 25/09/2010
Código do texto: T2519600
Copyright © 2010. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.