Batuque de um solitário
Hoje vou compor um samba para acalmar meu coração.
Vou bater neste pandeiro chamado de solidão,
A cuíca serão os suspiros dobrados que se repete,
O reco-reco, o meu roçar esbarrado no meu corpo marionete.
Nem será preciso cavaco para entoar a melodia,
Só o som da minha voz valerá na cantoria.
Vou começar ainda à noite, só findando no outro dia,
E quem quiser me acompanhar, só entrar em sintonia.
A solidão se movimenta fazendo estardalhaço,
Este pandeiro sentido, ecoando pelo espaço.
Trazendo pra si toda a melodia fazendo-a mais ritmada,
E minha voz se soltando como um choro, entoada.
Bate, bate saudade, como um som de apito,
Entrando na melodia de um jeito esquisito.
Neste samba da saudade dos tempos que já são idos,
Lembrando dos bons tempos, dos dias já vividos.
Ah coração te acalma! Vê se acompanha o compasso,
E nesta triste melodia vá desatando o laço,
Que amarrou-me a tristeza de um amor solitário
Este é meu desatino e também o meu cenário.
Para um show solitário sem banda sem acompanhamento.
Só com coração, com suspiro e um corpo em movimento.
Para a melodia mais triste composta neste momento,
A dor dessa tristeza é o som para cada instrumento.