Decote amplo. Para quem? Ninguém...
Copo de vinho sobre a mesa.
Os afazeres, a certeza do tempo que urge.
Luzes acesas, ribalta alta.
Pulsar a plenos pulmões, eis ela que surge.
Decote amplo. Para quem? Ninguém...
Morena. Parece ser tão feliz e plena.
Sem amarras, só uma respiração louca.
Corrigida a estrela, sem culpa.
No quarto ao lado uma voz máscula.
Em algum lugar, em outro, mas não aqui.
Foram-se os dias de dividir. Ou de somar.
Cabe-lhe agora um canto seu.
Hidratante nos pés, no corpo.
Cabelos escovados, cachos amaciados.
No forno uma lasanha. Agora?
Vive agora só, sendo feliz do modo que quis.
Sem prisão, sem castigo, tendo consigo um sonido.
Anda pela casa como gazela solta, cantarola ou chora.
Como preferir... Do dantes não se recente...
A ilusão ficou para trás.
Agora caminha em terra firme.
O romance ainda em si.
Aquele que move a vida,
não o que cria ferida.
Ama o amor pelas gentes,
não mais o amor sofrido.
O que obriga a chorar escondido.
Não mais o amor bandido.
O das primaveras poucas.
Das inconsequências loucas.
Amor e cabana, do se chegar ao nirvana.
Não nega assim a vontade de amar.
Mas de pensar em ser acuada, foge.
Não agora quer ser livre. Mera fuga.
Talvez realidade. Como flores pintadas.
Lindas, exuberantes, floridas, mas irreais.
Algumas vezes é até carente, mas poucas.
Noutras se preenche dos seus próprios horizontes