QUE ME IMPORTA

Que me importa que seja tarde?

Que esteja à mercê da vida

A mercê da saudade?!

Que me importa que me achem louca varrida?

Ando à mercê!

Deste tempo que me deprime, me faz sofrer

Aqui, onde anoitece e só eu vejo, ninguém mais vê

Aqui onde a esperança já não quer acender.

As horas vão passando!

E eu no assento me remexendo

Nesta viagem louca, mansamente caminhando

Ou dando caminho à Vida e nela me perdendo.

A quem importa se trago o coração cheio ou vazio?!

A quem importa que a noite que adensa me traga frio?

Que me importa se as lágrimas que chorei secaram

Ou se me esquecem até os que me amaram?!

A Vida quebrei! Estilhacei!

Quero lá saber se os cacos juntarei...

Ou voltarei a juntar!

Se ninguém vai saber, nem perguntar.

Cerro os dentes, calo a voz

Só eu e a melancolia no portal da minha porta,

esta me faz companhia, se senta comigo,

Estamos sós!

A Vida nos pôs de castigo.

Não me importa, já nada me importa.

Na garganta me ardem os gritos

Sufocados, p'la solidão desesperados

Já lhes ouço o eco, dentro de mim aflitos

Que me importa? Pois que fiquem também eles a um soluço confinados.

rosafogo