A PASSAGEIRA
SINTO-ME PASSAGEIRA
DE UM TREM
QUE NÃO TOMA SEU DESTINO
ANDA EM TRILHOS
JÁ GASTOS
PERCORRE CAMINHOS
SEM TEMPO.
SOU A PASSAGEIRA
QUE SENTA-SE À JANELA
UMA BOLSA E UM CASACO
APENAS, EM SEU COLO.
OLHAR AO LONGE
SEM BRILHO.
BOCA VERMELHA
PINTADA DE BATOM ROUGE.
SEM PERFUME
A FLOR JÁ MORREU!
VAI INERTE,
UMA ESTÁTUA
DE CARNE.
SE PENSA,
NÃO MOSTRA.
SE SENTE,
NADA SE NOTA.
NÃO HÁ HORA.
NÃO HÁ TEMPO.
TUDO SÃO MANOBRAS.
ANDA EM SILÊNCIO
O PONTEIRO DO RELÓGIO.
O VENTO FAZ SOM
NOS CORREDORES
DOS VAGÕES.
TRISTE MELODIA
QUE PASSA
POR ENTRE OS BANCOS
SEM ENCONTRAR ESPAÇO.
NADA ACABA.
TUDO CONTINUA.
SEM PARADAS,
SEM NOVOS PASSAGEIROS.
APENAS ELA
QUE ALI SENTADA
SE ESQUECE DE DESEMBARCAR.
TAMBÉM, NÃO HA NADA
A SER VER, POR QUE DESCER?
(milena medeiros-18/09/10- 01:15horas)
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publicada no blog PEDAÇOS DE MIM-DESEJOS E AMORES
http://milena-poeta.blogspot.com/2010/09/milena-medeiros-passageira.html