Passagem

Todas as passagens estavam vazias

Nuvens aquietavam-se

Murchas e sofridas

Nos intervalos de vida e morte

E o tempo,

Eco obscuro de primazias

Limitando a noite

Violentado o dia

Acossada esta passagem etérea

Onde os vãos preenchem-se de outroras

Saudosas e soluçantes

Quais latidos de cães abandonados

Nos ventos frios

Encapelados nos socorros da miséria

Por onde aborta o riso

E a falsa idéia

Passagem que destempera a audácia

Desnuda a impetuosidade toda roída

Já diluída no sonho

Amorfa no tempo e injustiça a era

Ocultando a felicidade do espaço em falácia

É quando finda a dor

Como uma placidez longe da treva

Resta às passagens somente a eficácia

Nadilce Beatriz
Enviado por Nadilce Beatriz em 14/09/2010
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