Passagem
Todas as passagens estavam vazias
Nuvens aquietavam-se
Murchas e sofridas
Nos intervalos de vida e morte
E o tempo,
Eco obscuro de primazias
Limitando a noite
Violentado o dia
Acossada esta passagem etérea
Onde os vãos preenchem-se de outroras
Saudosas e soluçantes
Quais latidos de cães abandonados
Nos ventos frios
Encapelados nos socorros da miséria
Por onde aborta o riso
E a falsa idéia
Passagem que destempera a audácia
Desnuda a impetuosidade toda roída
Já diluída no sonho
Amorfa no tempo e injustiça a era
Ocultando a felicidade do espaço em falácia
É quando finda a dor
Como uma placidez longe da treva
Resta às passagens somente a eficácia