SOLIDÃO
SOLIDÃO
Velho fantasma que se faz presente,
No íntimo dos inconfessáveis desejos,
Falta o ar para alimentar,
A chama quase decadente.
A outra metade sempre ausente,
Nem liga para o que a outra sente,
Então as águas incontidas do pranto
Derrubam as pontes da emoção.
Tão triste viver neste silêncio,
Melhor ouvir os estampidos,
Da guerra entre razão e emoção,
Da luta do amor e a paixão.
Nas pétalas mortas das flores
Que foram derrubadas pelo vento
Este cruel algoz tão violento,
Ainda vejo tanto sentimento.
Sinto-me, pobre condenada,
A viver este tormento
Desfecho triste e sangrento
Quando pisas em meu jardim
Num ritmo duro, lento, violento,
Acabas com o resto de esperança,
Da sobrevivência das pétalas,
Ah! O amor passado deixou herança,
Perfume sutil no qual me embriago
Tentando exorcizar velho inimigo
Que corrói minha alma eu grito:
Socorro! E me desligo.