Céu Noturno

Mais uma noite chegou.

E a solidão diurna soma-se com a noturna.

E nessa noite, até as estrelas resolveram sumir. Chove.

Fiquei ali parado, admirando o céu noturno e comparando minha solidão com a dele.

E nesse momento me transformei no céu noturno.

Nossa! Sou imenso! Hoje estou num dia frio e solitário, mas nem sempre foi assim. Já brilhei muito com estrelas lindas. O zodíaco já fez parte de mim. Fui dono dos signos e destinos. Amei a luminosidade da rainha de todas as estrelas: Sol.

Já arrepiei com os meteoros e sorri com as cócegas dos cometas. Já fiz promessas para os anjos e sussurrei lástimas no ouvido de Deus. Já me perdi no buraco negro e me encontrei seguindo as corres da Aurora Boreal.

Mas nada do que eu tenha feito antes serviu de lição para este momento. Não sei o que me espera.

Daqui de cima a solidão é maior, pois vejo muitas pessoas que não consigo alcançar.

Se ao menos uma pessoa notasse que as gotas dessa chuva são lagrimas e, sentindo minha solidão olhasse para cima, deixasse as lagrimas de chuva cair em sua face, fechasse os olhos para sentir melhor, e num ato solidário juntar suas lágrimas com as minhas, eu aprenderia mais uma lição:

Lagrimas não se juntam.

Lagrimas separam.