Cinza

O dia nublado afeta o humor

Um horror ante a possibilidade do sol

O lençol jogado na cama

Reclama a Rosa que deixei na terra das águas

Mágoas dissipadas e solidão profunda no peito

Meu jeito de enfrentá-la é o trabalho

No qual me atrapalho ante a tantas idéias

A velha câmera registra nuvens cinza.

E as cinzas do cigarro amontoam-se no cinzeiro

Quando será o derradeiro trago?

Pergunto-me enquanto estrago um pouco mais o corpo

Louco e aprisionado

No cômodo apertado, mas confortável.

Um amável sentimento no peito

Um perfeito convite para dormir

Um porvir incerto e nublado

Um recado do meu íntimo a mim mesmo

A esmo continuo escrevendo

Enquanto desvendo os meus próprios segredos

Sou brinquedo do destino

Sou o menino que chora e ri

Sou assim triste devido ao tempo

Que ao relento me ensina a resistir à saudade

Que na verdade interior se instala

Na sala que é também quarto e oráculo

Estou só no vácuo do tempo

Estou triste nesse momento

No tormento do cinza que vejo da janela

A passarela que avisto ao longe

É meu horizonte e meu limite

Um convite ao desconhecido

Que meus sentidos repelem

Como um morcego rejeitando a luz

Meu anjo me conduz nas trevas

E na queda eu adormeço

Pereço no terror da noite em pleno dia

E na agonia dessa íntima guerra

Transporto-me à minha terra de sol ardente

Sigo dormente nos próximos dias

E aguardo a alegria de rever a luz que dissipa o cinza.

GeBarros
Enviado por GeBarros em 05/09/2010
Código do texto: T2479870