A Rosa Vermelha sob a Pedra
A muito tempo atrás
O mundo em si não era tão mau
A muito tempo atrás
A ilusão ainda blindava meus olhos
Eu era apenas uma criança correndo
Caçando as folhas das árvores
Naquele velho parque grande
Naquelas mesmas ruas ensolaradas
Mas tudo isso fugiu de mim
Poços profundos condicionam minha vida
Na inútil existência megera
Emergindo e subindo de minha alma
No que me transformei hoje?
Eu era apenas uma criança correndo
Brincando entre as folhagens
Naquele mesmo descampado
Que hoje é tão lúgubre
Mas a vida arrancou isso de mim
Marcas profundas foram cravadas em mim
Para ser mais um enlouquecido
Irreal, porém tão real
Caindo e caindo em águas turvas
Sumindo por entre a multidão frenética
Poços profundos condicionam o caos
Lamentos existenciais nos julgando
Nos submetendo a nossa própria loucura
Por que me deixei matar assim?
Putei mea vitae
Somni sum atrox
Mea mens mortis stare
Ego non iam survivere
Olho a rosa negra sobre a pedra
Quem a deixou enegrecer ali?
Meu sangue tão rubro mancha
A pobre rosa enegrecida
Quem a abandonou ali?
Poços abrigam nossas dores
Florescem belas rosas vermelhas
Que morrerão sozinhas esquecidas
Esquecidas para sempre sob as pedras
Assim como morreremos sozinhos
Na pedra fria da solidão