PSICOSE SOCIAL
Estranho quando estou só!
Eis que ao mirar o espelho da vida
Vejo-me fingindo ser forte
Diante da secreta ferida
Pois enceno a cada santo dia,
Para sociedade, cenas de hipocrisia
Mentindo viver em plena alegria
Na solidão da minha existência vazia
É nas tarefas da rotina diária
Ou nas paixões carnais, porém etéreas
Que sufoco a dor que me atormenta
E fujo da razão na matéria
Mas, como posso livrar-me dos pensamentos?
Se num segundo incauto sou derrotado,
A contemplar os mistérios do firmamento,
A reconhecer minha pequenez, calado.
Que dor é essa que só eu sinto?
Será que ser alienado é ser normal?
Será que os outros já saíram do labirinto
Ou, como eu, fingem felicidade dominical?
Por que tenho que aceitar tantas regras
A fomentar minha psicose social,
Submeter-me a parâmetros e conceitos
E esconder-me num tipo formal?
Quero ser inteiro, sem castrar-me desejos nem medos!
Quero usar minha liberdade como nunca fiz,
Pois como estou, sou educado, social e humano.
Mais um humano que não consegue ser feliz.
Dupoeta – Dez/2000.