Almas
Não sei quantas almas tenho!
Não sei quantos sorrisos compartilhei,
nem quantos dentes me restam, na mutabilidade que passei!
Desconheço meu rosto todo dia!
No espelho, outra face está!
Não sei quantas tardes dormi, pensando deveras, que eram tardes.
Não pude impedir chegadas, partidas, nem tampouco evitar as despedidas.
O sol nasci todo dia, mais estranho, mais revoltado, mais tristonho!
Já desconheço a melanina do meu corpo, e o ardor dos meus ímpetos!
Também Já estou a desacreditar em brisas
Outonos eternos desenrolam folhas.
Não quero viver a sonhar, sabendo que tudo é sonho.
Se não são palpáveis as montanhas de sensações que afloram.
Quero crê sempre na aurora, num cântico solitário que anuncia o dia.
Quero também que o sol doire meus medos, para ver se espanta o frio das decisões.
Ah! se pudesse gostaria de saber se há amores vindouros nas paragens das esquinas, ou paixões efêmeras, na voluptuosidade dos versos.
Gostaria de um beijo nesse momento, me perder com a brisa que acaricia!
Ver miragem em uma nuvem, uma pomba branca... Calmaria.
Sentir calor num sorriso alheio, do que as leviandades dos risos esperados.
Não sei quantas almas possuo!
Nem sei se uma apenas, é digna do rótulo de alma.
Há, a mutabilidade do meu riso.
Há, a inconstância do meu olho.
Se alma tenho, ela imita lua.
Alma?! Sim a tenho ela minha, toda minha de mais ninguém.
meu coração um dia profanou ter dono, equívoco tremendo, meu coração também é meu
como é minha, a minha cara!
Como é meu, meu tom!
Basta! Chega de verdade, chega de melancolia.
Quero viver de brisa, de estações, de amores nos epílogos.
Quero me ebriar nos versos. Na minha profusa imaginação.