Boca seca...
Não inventa, ó alma sem dono.
Nesse abandono deseja o impossível.
É inadmissível essa língua nos lábios,
então, sem graça encha a taça desse líquido rubro,
e perceba como molha sem sentir.
Como cansa essa inevitável estada diante do óbvio,
nesse interminável ir e vir...
Não inventa, ó coração desorientado.
Não confunda o sol que rasga as cortinas.
São finas as camadas de amor que tem,
então amontoe-as assim, sem medo da solidão,
e perceba como a boca se molha sem dó.
Distante de qualquer companhia percebo,
que quero mesmo é ficar só.