Sala Vazia

Uma sala vazia

É só mais uma sala vazia

Não dá vontade de chorar e nem de rir

Pois ficar ou partir tanto faz

A sala vazia é pura ausência

Completamente sem essência

Ela é privação de vida e companhia

A sala vazia

Nem pensamentos vagam por ela

Nem o mais estúpido

Nem o mais brilhante pensamento

Não há brilho

Não há luz

Não restou nada no mundo

Além dessa sala vazia

Ela agora é minha casa

Sento no chão de um dos cantos

Vejo as paredes como parte do que me fecha

Minha sala, meu templo

Minha morada sem portas ou janelas

Vivo preso em minha sala vazia

Não restou alimento

Água tampouco

Tão pouco mesmo restou de mim

A decadência, a fome e o desespero

Surgem contentes em suas formas tão vivas

Vivas?

Alucinação?

Quem sabe se nem sei?

Passeio com a morte de mãos dadas

Quase a beijei

Uma noite de longo verão

Joguei cartas com a angústia

Não me dei ao luxo de trapacear

Deitei ao lado da solidão

E essa sim foi uma longa noite de verão

Todos habitam minha morada

E já não me sinto tão só

Na minha sala vazia...

Alexandre Bernardo
Enviado por Alexandre Bernardo em 16/08/2010
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