O SONHO... E O TEMPO!

Num tempo de passarinho

tempo temporário,

o tempo não tem tempo

pra ser tempo e ter horário...

Passa uma era

em um centenário

e é tão pouco tempo...

Eis que há de ser de amor

Ou deveria ser

Pra se brotar muita flor...

Num tempo

de passar um rio,

tempo perene

cheio de acidente,

Pequenas ilhas

dividem o rio

em forquilhas...

O rio é um passageiro

ora lento, ora ligeiro

que leva na sua leva

nosso sonho que passa

como passam peixinhos,

troncos e gravetos

passam amores levianos

e o que parecia amor-perfeito

perdeu-se no curso do seu leito

e levam tudo...

e eu sozinho

um revolto mar solteiro

busco um rio

sorrateiro

pra lavar os meus cabelos...

Desde que você partiu,

minha vida se compara

assim, a um rio frondoso

turbulento, malino, malicioso...

sem barquinho

nem navegante

apenas uma onda vaga

vagamente vagante...

Tenho medo de na sua foz

tão logo chegue ao oceano

num pavor, eu perca a voz

e não me defenda nadando

me debata a cada vaga

me afogue acabando

com o sonho da sua volta

que não chega e dá revolta...

quem me dera disso tudo,

o tempo se faça escolta

trazendo o amor perdido

num tempo-reviravolta!

Antonio Fernando Peltier
Enviado por Antonio Fernando Peltier em 16/08/2010
Reeditado em 17/08/2010
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