O SONHO... E O TEMPO!
Num tempo de passarinho
tempo temporário,
o tempo não tem tempo
pra ser tempo e ter horário...
Passa uma era
em um centenário
e é tão pouco tempo...
Eis que há de ser de amor
Ou deveria ser
Pra se brotar muita flor...
Num tempo
de passar um rio,
tempo perene
cheio de acidente,
Pequenas ilhas
dividem o rio
em forquilhas...
O rio é um passageiro
ora lento, ora ligeiro
que leva na sua leva
nosso sonho que passa
como passam peixinhos,
troncos e gravetos
passam amores levianos
e o que parecia amor-perfeito
perdeu-se no curso do seu leito
e levam tudo...
e eu sozinho
um revolto mar solteiro
busco um rio
sorrateiro
pra lavar os meus cabelos...
Desde que você partiu,
minha vida se compara
assim, a um rio frondoso
turbulento, malino, malicioso...
sem barquinho
nem navegante
apenas uma onda vaga
vagamente vagante...
Tenho medo de na sua foz
tão logo chegue ao oceano
num pavor, eu perca a voz
e não me defenda nadando
me debata a cada vaga
me afogue acabando
com o sonho da sua volta
que não chega e dá revolta...
quem me dera disso tudo,
o tempo se faça escolta
trazendo o amor perdido
num tempo-reviravolta!