O Viúvo
Sentado no banco da praça,
Enquanto o dia faz seu mergulho fatal,
Nas profundas brumas da noite
Meio melancólico
Meio nostálgico
Meio perdido em mim mesmo
Olhar anacrônico
Não vê a gente apressada
Os carros modernos que passam.
Em minha mente um pássaro canta
Preso à gaiola do tempo
Aconchego suas mãos delicadas
Meu respeito contido e suspenso
Esconde uma alma em pecado
Bom moço, você diria...
Mas por dentro era Fausto que eu lia.
Agora já não importa
Mãos e mente vacilam igual
São milagres que a vida opera ao desbotar
As imensas rugas encobrem imperfeições
Mas estou só
Sofro da fria solidão de sua cúmplice presença
Levanto sobre os joelhos bambos,
Tomado pelo silêncio
Ajeito o terno alinhado
Sigo o meu caminho,
Os jovens passantes não me vêem
Eles não estão lá...