O Viúvo

Sentado no banco da praça,

Enquanto o dia faz seu mergulho fatal,

Nas profundas brumas da noite

Meio melancólico

Meio nostálgico

Meio perdido em mim mesmo

Olhar anacrônico

Não vê a gente apressada

Os carros modernos que passam.

Em minha mente um pássaro canta

Preso à gaiola do tempo

Aconchego suas mãos delicadas

Meu respeito contido e suspenso

Esconde uma alma em pecado

Bom moço, você diria...

Mas por dentro era Fausto que eu lia.

Agora já não importa

Mãos e mente vacilam igual

São milagres que a vida opera ao desbotar

As imensas rugas encobrem imperfeições

Mas estou só

Sofro da fria solidão de sua cúmplice presença

Levanto sobre os joelhos bambos,

Tomado pelo silêncio

Ajeito o terno alinhado

Sigo o meu caminho,

Os jovens passantes não me vêem

Eles não estão lá...

Marcelo FAS
Enviado por Marcelo FAS em 09/08/2010
Reeditado em 11/05/2012
Código do texto: T2428091
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