Meninas Veneno (III)

A inteligências se desenvolveu?

A mente sucateada antes de nascer

Vc não quer perguntar nada. Pra quê?

Não há respostas que satisfaçam

Esse coração queimado na inquisição

Desse esse, sentimento ainda casto

A emoção intensa de ser essa coisa

Mercadoria no Metrô do Holocausto

Todo dia viajar nesse trem e atrair

Mais um desdém com esse esmalte

Vc não pode voltar com mãos vazias

É preciso ter como saber agir

Voltar para casa com os esses

Seios cheios que possuem asas

E acumular calada essa sujeira

Sob as unhas encarnadas

E amanhã para existir, Ontem

Há de ter existido e assistido

A aula nessa escola. Vc nasceu

Para achar sozinha seu ser

Semelhante, também esse nada

Como poderá se saber mil vezes

Outra vez sozinha? E resistir

Estar sob essa domínação

Como achar outro caminho

De desencontro sem voltar

Ao existido? Vc terá ido sozinha

Fazer de conta que fez suas

Escolhas. Senão, como poderá

Ter existido? No final das contas?

Seu tempo ficou gravado nesse CD

Em vc, movida pelos sonhos

Nas músicas de Roberto Carlos

Carregas entrepernas esse

Acelerador de prótons. Calada

A ilusão e o pesadelo de ser

Vc morreu e moveu os olhos

Para o lugar de onde veio

Não há mais ações diversas

Na memória. Vc agiu e dormiu

Com seus atos, todos falhos

Para o resto da vida ficaram

Esses momentos. Seus membros

Em seu corpo guardaram esses

Movimentos fragmentados

No café da manhã, no almoço

Vc saboreou aos poucos seus

Pedaços. Como poderá um dia

Esquecer o paladar desse vômito?

Vc voltou de ontem para hoje

Amanhã vai ser a mesma coisa

Novamente voltar e ser igual

À existência de há dez anos

Quando havia juventude e poesia

E a esperança de crescer

Te ajudava a viver e a ganhar

A vida. Essa vida. Era apenas

Um jogo de palavras? Agônico!

DECIO GOODNEWS
Enviado por DECIO GOODNEWS em 09/08/2010
Reeditado em 09/08/2010
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