Meninas Veneno (II)
Que legal, querida
Saber o que vc quer
As coisas de que precisa
É da lei gostar de vc
Quando estou passado
Penso coisas eu te guardo
Tudo é ótimo no começo
Até o n° de seu sapato
As verdades pelo avesso
Revelam-se com paixão
Vc é tão boa no que faz
E ainda traz nos braços
Essas tatuagens bregas
Seu corpo nu minha broa
Estar contigo, meu pão
De cada dia, minha trégua
Dissipo em seu corpo essa
Sensação de ansiedade, dor
Sexta-feira nesse quarto
Registre mais um programa
Em seu relógio de quartzo
Sob a garoa fina da cidade
Olho para sua unha pintada
É para sempre que ela está
Encarnada na memória
De seu sabor. As flores da
Primavera passam rápido
E tudo faz sentido nesse seu
Cansaço. Essa aspereza
Pintada de dourado todo
Dia. Até nos dias em que
O sinal está vermelho
Vc dá um jeito de começar
Um romance de uma nota só
Vc guarda a oncinha na bolsa
Preta na conta de outro
Romance rápido e ruim
Esse desejo compulsivo
Da cidade mantém seu
Corpo agachado sugando
Essa carne crua nesse fogo
Cruzado todo dia é dia do
Leite da Criança no circo
Soleil vc se pinta para a
Guerra. E vc pega essa
Oncinha e esconde na dobra
Da calcinha e depressa volta
À luta, expõe as pernas alheia
Ao vai-e-vém na caverna
Onde há fumaça há fogo
Esquina da Rego Freitas
Com general Jardim
As duas da manhã seu pulso
Ainda pulsa sentada na calçada
De canudo e canequinha
Cada desencontro resulta
Em mais uma oncinha na
Caixa preta de sua bolsa
Tublequetublim. Vc já pode
Voltar ao aconchego do berço
Abraçar a menina frente a tela
Do plim-plim. O leite dela deve
Ser comprado. O seu, quem vai
Saber ao certo se está ou não
Contaminado? Irada, calada
Sentada na obscuridade do quarto
Vc refaz as forças na esperança
De amanhã poder novamente
Voltar a juntar os cacos
E domar as feras que saem da
Dobra de sua meia-calça
Preta. Outras notas vão entrar
Mais a base é uma só.
Vc compra um ursinho travesso
Com a oncinha ganha pelo avesso
Nesse sambinha de uma nota dó.