Andarilho

As velhas e já murchas flores de primavera se despediram de mim.

As longas sombras de verão a causar vertigem vão sumindo aos poucos.

À minha frente, apenas as cadentes folhas desbotadas de outono.

Caminho pela estrada infindável rumo a lugar algum,

como se houvesse apenas um destino a me levar pelas mãos.

Desesperado, cruzo as montanhas e rompo meus cárceres

na fútil certeza de libertar meus sonhos cativos.

O calor é intenso. Meus pés desprotegidos se esfolam

ao passar pelas pedregosas ribanceiras do norte.

Caminho pelas vielas mal iluminadas

de onde exalam os miasmas de coisas invisíveis

sufocando os passantes da madrugada.

Caminho, e sei que por onde passo não poderei retornar.

O sentido é unico e atrás de mim toda a paisagem é queimada.

Tudo o que existe é o que está à minha frente

e as riquezas do passado pertencem aos fantasmas.

Marcel Gustavo Alvarenga
Enviado por Marcel Gustavo Alvarenga em 08/08/2010
Código do texto: T2425713
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