APESAR DO ENTARDECER
Repito recordações vezes sem conta,
e o peito me dói
Fugaz como um sonho o tempo se foi.
O tempo que passou assim...
Vou ficar tranquila, serena,
sem pena de mim!
Não vou falar das incertezas que sinto
Aqui no final de todos os finais
O meu céu é já indistinto.
Meu sonho a vida pisou demais.
Aqui o meu grito já chega confuso
A vida passou como uma enxurrada
O tempo se apoderou dela como intruso
Um pássaro predador que passa e não deixa nada!
O pensamento em estardalhaço me põe a tremer
Nele sinto o rufar de tantos tambores
Às vezes apenas o gemido, dum bicho qualquer
Que ferido se deixa arrastar de dores.
Hoje me deixo completamente absorvida
Dialógo com as minhas vidraças
Dentro deste velho peito reconforto a Vida
Apesar do entardecer... esqueço as ameaças.
natalia nuno