FIGURA ESQUECIDA
Num canto, esquecida...
Horas infindas, a olhar,
O entra e sai da família,
O chegar das visitas,
Os bisnetos a brincar.
Figura esquecida,
Apenas a observar.
Sente: sede, fome e frio...
Porém, calada fica.
Aprendeu a ‘não’ incomodar.
Quando chegam as visitas,
Estende as cansadas mãos.
São ressequidas e enrugadas...
Ninguém quer sua saudação.
Parecem tão ocupadas...
É melhor deixar passar.
Prepara o melhor sorriso!
Desdentado, entortado...
Não é correspondida.
Mas uma vez disfarça...
Outra vez é esquecida.
Escondendo a dor da alma,
Dá um suspiro silente.
Não entende essa nova vida,
Deu à ‘mão’ a tanta gente!
Agarra a bengala, sua amiga.
Num canto, esquecida, fica...
Apenas a observar.