Em comum

Com os braços abertos na janela se apoiou.

Uma rufada de vento

seu rosto acariciou.

A firmeza de seu ato (consciente?) ponderando

Clarice arriscou o próximo passo...

Voou.

Mãos vorazes tentavam alcançar.

Como uma dança de cores

na água balançavam.

Com um sorriso triste, como se entendesse a tudo

João observava do fundo da piscina...

Mudo.

O gosto amargo apertava a garganta

e a fechando apagava seus gritos de ais.

Com lágrimas, na língua presa

gosto de sal Ana experimentou.

"Porque há venenos fortes demais"...

Pensou.

E atônito alguém perguntará

"por que se chama 'em comum' esse texto

tão sombrio"?

É que ao final do passo, da água e do veneno,

em comum resta apenas...

Vazio.

Wisdom
Enviado por Wisdom em 24/07/2010
Código do texto: T2396260