Em comum
Com os braços abertos na janela se apoiou.
Uma rufada de vento
seu rosto acariciou.
A firmeza de seu ato (consciente?) ponderando
Clarice arriscou o próximo passo...
Voou.
Mãos vorazes tentavam alcançar.
Como uma dança de cores
na água balançavam.
Com um sorriso triste, como se entendesse a tudo
João observava do fundo da piscina...
Mudo.
O gosto amargo apertava a garganta
e a fechando apagava seus gritos de ais.
Com lágrimas, na língua presa
gosto de sal Ana experimentou.
"Porque há venenos fortes demais"...
Pensou.
E atônito alguém perguntará
"por que se chama 'em comum' esse texto
tão sombrio"?
É que ao final do passo, da água e do veneno,
em comum resta apenas...
Vazio.