Síndrome do pânico

Ambiente inóspito. Chão frio.

Alguém espirra. A torneira pinga e esse silêncio

ainda mais incomoda

inútil me enganar. Estou só.

penso no peso do âmago do que penso

e um amálgama de incertezas se joga no sossego

mais que um desespero

vejo-me afogando, sufocando em dúvidas;

infinito medo.

Daí toda vontade e alegria passam a hibernar

como um verão agonizante e sem fim.

Nasce outro novo medo: do clichê!

mal consigo andar, me mover, mal posso respirar

as paredes me comprimem com indiferença,

as almas deixam o ar rarefeito

O peito aperta. Bronquite

O cabelo embola nos dedos. Alopecia

O ar falta. Claustrofobia

Os ossos vacilam;

Tendinite, bursite, artrite, e pra quebrar os “ite”

O câncer.

Tapo os ouvidos pra não ver no que me transformarei

Todos morreram; objetos, sentimentos, conclusões...

Enquanto dramática presa no pesadelo

Invento lesões corporais. Domino o medo. Respiro. Equilibro

Tortura. Tensão. O mundo se torna grande e me perco

O mundo se torna pequeno e me engasgo

Ao inexplicável doce amargo medo

De me encontrar súbito em meu próprio pensamento.

Shauara David
Enviado por Shauara David em 23/07/2010
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