Da série de medos

Quando o sol se põe por detrás da casinha

faz dentro do peito saudade pequenina

e Sofia pensa em seu canto.

Pensa em mil coisas, Sofia pobrezinha!

E pensando ela sente de repente uma dorzinha

uma coisa assim bem profunda,

uma saudadezinha

de tudo quanto existe dentro da casinha.

O sol vai esconder-se de repente

chegando devagar a noite friazinha

e vai crescendo, e cresce grandinha

sobre os medos que Sofia sente.

E ela simplesmente não entende, coitadinha

que não é bicho papão, nem a morte

que ela sente.

Mas um medinho - coisa assim bem profunda - de ficar sozinha para sempre.

Encolhendo-se no canto

porque a noite a quer devorar

Sofia sente, miúda

o frio como se a fosse beijar.

Aflita, bem aflita, aflitazinha

com a mão no estômago

e esperança fraquinha

corre a pedir remédio à mamãezinha.

Mas a mamãezinha não pode ajudar

por mais coisa bem profunda que seja essa lamúria.

Porque ainda não criaram, Sofia pobrezinha,

remédio que cure angústia.

Sofia se perde entre todos os medos

e dorme a pedir coisa assim bem brandazinha:

que vá embora a angústia pela manhã

quando o sol nascer e alargar a casinha.

Sonhe, por enquanto sonhe, pobrezinha!

Agora é pequenina a dor que existe.

Quando grande for você, perceberá sozinha

que mesmo com o sol, o medo persiste.

Wisdom
Enviado por Wisdom em 20/07/2010
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