FUI PARA A CUCUIA
FUI PARA A CUCUIA
Sentado nas nuanças do passado
Sinto não valeu a pena,
Os sonhos esvoasaram-se,
O amor escafedeu-se,
As amizades também...
Não valeu a pena,
A única fortuna que amealhei:
A solidão...
Não tenho ninguém para conversar,
Para que telefone...
Não tenho ninguém para compartilhar,
Não devo comer nada a não ser a fome...
Escondido no meu galpão,
Ameaçado a toda hora,
Adeus meu quinhão...
Quarenta e quarto anos de nada,
Raio de vida...
Sem mulher amada...
Ainda não perdi a vontade de escrever,
É meu terço, meu rosário.
Abuse do santo mé,
Livre-se deste pensamento,
É cedo para transmutar ao encantamento...
Cedo a receber o baú de imbuia,
Tarde a engatar marcha ré,
Mas na hora certa de perceber,
Fui para a cucuia...
Goiânia, 20 de julho de 2010.