O INATINGÍVEL
O INATINGÍVEL
Neuza Maria Spínola
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O que guardamos no peito, é um tesouro,
Sensação única, a melhor da vida!
Talvez um sonho, ou simples fantasia,
Como a nuvem no céu, distante e vazia.
O que importa é o que faz feliz a alma,
Como o orvalho na flor da existência;
Única flor ao sol, esperançosa e calma,
Flor de amor, no céu da inocência!
Sou anjo só, e dorme a solitária terra,
Surge a lua, me iluminando à noite;
Em pensamento vagueio, como a brisa triste,
Cantando a lira leve pela alma tua!
Sob estas estrelas sonho meus sonhos,
E ao descer uma lágrima, o vento entristece;
O meu tesouro é um livro, umas poesias,
Num seio, que de emoção, todo estremece!
Que ventura! Teus olhos me olhando!
Repentino raio de amor transparecendo;
Fita meus olhos, vê que estão falando,
E à tua alma, todo o segredo, passando!
Não faz de um sentimento, uma ironia!
Nem ria de um sonhar de fantasia!
Meu vagar, é o soluçar de uma alma triste,
De uma vontade que dói, mas nem falar permite!
A estas lembranças, até os anjos podem chorar,
No meu peito, o coração pode murchar,
Como uma selva, minha alma suspira,
Imaginando agora, o sopro dos lábios teus!
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