OUTRA MARGEM DO RIO

 

Não existe quase nada em volta

Não existe uma cabana para se abrigar

Para se esconder do mar

Nada que seus olhos possam tocar

 

Existe a desolada imagem do deserto

Vento soprando a terra árida

Tocando com seu assobio cada olhar do lince

Cada verso triste

 

Ao longe passa um rio que está seco

Como todos os galhos sem vida

No entardecer triste do outono

Como a vida que tem como sinônimo o abandono

 

Só se ouve o soprar do desalento

A dor desfigurada pelo vento

Solitário como lobo desgarrado e sedento

Como a fresta que se perdeu no tempo

 

Não existe quase nada na outra margem do rio