Aos amigos!

Já não tenho tanto tempo como antes,

Também já não sou tão feliz como de costume.

Parece que a minha hora chegou.

Desaparecerei como cinza que se perde ao ar,

Quando propositalmente é lançada a ele.

Mas fica a minha lembrança como presente,

Ficam os meus olhares que falavam em verdade

Ficam as brincadeiras, que agora não encontro graça,

Mas naqueles momentos foram legais,

Fica o sorriso, apesar de não ser tão bonito,

Ficam as bagunças que fazíamos,

Ficam as palhaçadas.

Chorar se tornou uma de minhas condições.

Falo a todos que fui um dia feliz,

Que houve um tempo em que eu sorria,

Que nem sempre fui assim,

Mas não acreditam,

Me conheceram assim e a primeira imagem é a que conta.

Tive bons amigos...

Apesar da distância, a minha amizade permaneceu a mesma,

Da minha parte ao menos dou certeza!

Talvez nem se lembrem de mim...

Talvez seja mais um que lhes ocupou um espaço vazio...

Talvez o que não tenha se percebido idiota...

Tenho dúvidas se lhes acresci alguma coisa.

Já não sei se lhes fui importante em algum momento,

Convenho a pensar que sim,

Mas lá no fundo a incerteza me consome.

Ah, que saudades que tenho,

Se eu pudesse voltar no tempo!

Se minha dona não fosse tão apressada...

Se tivesse aproveitado quando tive a oportunidade...

Eis o tom da despedida.

Meu corpo padece inútil nessa terra,

Que me excluiu mesmo antes de ter nascido,

Desde então eu morro.

Morro em cada momento que não me olham nos olhos,

Morro em cada momento que não consigo realizar um sonho,

Mesmo esse sonho sendo pequeno.

Morro em cada momento em que não consigo chorar.

Morro em cada sofrimento que sem querer causo aos outros.

Morro cada vez que me lembro da partida.

Morro em cada momento em que o silêncio reina.

Não tenho mais aquela chama que me dava forças para me erguer.

Mergulhei nesse mundo e agora me afogo em suas águas.

Estou marcado

E o nome dessa chaga é Solidão.

Quem me dera agora sumir, mas nem isso me resta.

Dsoli