Anjo
Anjo
Se bateres em minha porta amanhã,
E o meu corpo vier a tombar em terra fria
Não o abandones nesta cela sombria
A que os descompassados anos deixaram afã
Aos bons poetas dessa vil alegoria
Que, por ser verdade, verão o correr
Das lágrimas desta apurada rebeldia
Donde a insana insensatez fez valer
Que n’algum lugar terá de navegar
D'encontro às turbulentas tempestades
Que ondulam em meio a esse negro mar
Deixarei, até lá, a essência fluir
Por lugares nunca dantes navegados
Sob o cosmos da negritude do porvir