Anjo

Anjo

Se bateres em minha porta amanhã,

E o meu corpo vier a tombar em terra fria

Não o abandones nesta cela sombria

A que os descompassados anos deixaram afã

Aos bons poetas dessa vil alegoria

Que, por ser verdade, verão o correr

Das lágrimas desta apurada rebeldia

Donde a insana insensatez fez valer

Que n’algum lugar terá de navegar

D'encontro às turbulentas tempestades

Que ondulam em meio a esse negro mar

Deixarei, até lá, a essência fluir

Por lugares nunca dantes navegados

Sob o cosmos da negritude do porvir

Pálido poeta
Enviado por Pálido poeta em 10/07/2010
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